terça-feira, 28 de julho de 2015

POLÍTICA Reunião de governadores reflete divisão dentro do PSDB

Chamada de "desnecessária" pelo presidente do PSDB, Aécio Neves, reunião convocada pela presidente Dilma com os 27 governadores tem a presença de todos confirmada, segundo o Planalto, inclusive os dez de oposição, como os tucanos Geraldo Alckmin e Marconi Perillo, o que "reflete a divisão interna do PSDB", afirma Tereza Cruvine
O
senador Aécio Neves não reclama à toa da reunião entre a presidente Dilma e os 27 governadores na quinta-feira, que ele chamou de “desnecessária". Chamada por Dilma, a reunião pode resultar numa aliança que funcionará como eficiente rede de proteção à presidente contra os adversários que tentarão derrubá-la. A informação do Planalto é de que todos já confirmaram presença. Inclusive os dez governadores de oposição, que incluem os tucanos Geraldo Alckmin e Marconi Perillo.

A presença dos tucanos reflete também a divisão interna do PSDB. Enquanto a direção partidária, sob o comando de Aécio, prepara inserções no rádio e na televisão convocando para as manifestações contra Dilma e o governo no dia 16 de agosto, Alckmin e Perillo vão discutir a conjuntura política e econômica, a governabilidade e a reforma do ICMS com a presidente, que deve estar acompanhada por ministros políticos e econômicos.

Nem o impeachment, que deixaria o governo para o peemedebista Michel Temer, nem a impugnação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, que levaria à convocação de nova eleição, interessam a Alckmin e Perillo. Ambos estão tratando de se credenciar como candidatos presidenciais do PSDB para a disputa de 2018, certos de que o ciclo de governos petistas deve se encerrar pelas urnas, não por atalhos. E para se credenciarem, têm interesse numa agenda federativa que lhes permita chegar a 2018 bem avaliados e com bons resultados em seus estados.

Não é diferente o cálculo dos governadores de outros partidos, que com frequência têm condenado a tese do impeachment alegando, como fez há três dias Renan Filho (AL), que isso fará a situação do país piorar, ao invés de melhorar.

Eles vão ao encontro de Dilma sabendo o que fazem e sabendo o que busca a presidente nesta hora de apuros: ampliar seus pontos de apoio e reduzir o isolamento. Mas levarão, é claro, suas demandas. O pacto que pode sair da reunião, possivelmente tácito e não falado, é elementar: eles se comprometem com a defesa da governabilidade e do respeito ao mandato de Dilma mas querem em troca a solução de alguns problemas federativos. Com a queda da arrecadação federal, as transferências do FPE também vão minguar. Como o governo federal pode ajudá-los na “travessia”, para usar a palavra empregada pela presidente? Eu não sei mas o governo sabe que alguma coisa terá de oferecer.

O ministro Joaquim Levy quer avançar num acordo sobre a unificação das alíquotas de ICMS. Os governadores estão mais dispostos, desde que o governo acelere a criação de dois fundos. O de desenvolvimento regional, para compensar o fim da guerra fiscal (oferta de impostos menores ou isenções para atrair investimentos) e o de compensação para as perdas dos estados que tiverem de reduzir alíquotas.

Como os governadores podem ajudar Dilma? Já não estamos na era da política dos governadores, em que eles mandavam e as bancadas obedeciam. Mas ainda é grande a dependência dos deputados em relação aos governos estaduais. E nas batalhas de agosto/setembro, que incluirão a votação de suas contas, Dilma vai precisar mesmo é de voto no Congresso.

A rua conta, e muito. E esta batalha ela e o PT vão enfrentar com a ofensiva de comunicação que inclui o programa do partido e as inserções de agosto e uma intensa agenda de exposição da presidente em viagens, entrevistas e encontros com a sociedade.

Hoje mesmo a Secretaria Geral da Presidência lançará o site "Dialoga Brasil", uma plataforma que, mais adiante, terá até um aplicativo para celulares, para incrementar a interação entre governo sociedade, avaliar o humor da população e preparar respostas adequadas.
Fonte: JL/por Tereza Cruvinel

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