Quem vê
Jesus Silva da Fonseca, de 69 anos, vendendo bilhetes de loterias na
frente de bancos e lojas de Macapá nem imagina que a sorte já sorriu
para ele, e que o vendedor foi milionário por seis meses, segundo conta.
O período foi em 1983, quando o ganhador de um bilhete de loteria
gastou o equivalente hoje em dia a R$ 2 milhões.
O valor, à
época conferido em cruzeiros, veio de um dos bilhetes que o próprio
Jesus vendia nas ruas da capital. O sonho da casa própria, de investir
em empresas ou aplicações financeiras, que enchem os olhos da maioria
dos brasileiros, chegou tão perto, mas o ex-milionário conta que deixou
escapar. O dinheiro fácil foi usado por ele em festas, viagens e com
mulheres, e logo acabou.
Hoje em
dia, com a saúde debilitada, Jesus conta que se arrepende de não ter
poupado parte do dinheiro. Ele diz, no entanto, que as lembranças da
época vão ficar para sempre na memória. Entre as mais marcantes, o
vendedor lembra das viagens em voos fretados para cidades como Belém,
Salvador, Florianópolis, Fortaleza e Rio de Janeiro.
“Fretei
avião nove vezes para rodar em cidades do país, gastando dinheiro e
fazendo banquete, sempre com muitas mulheres”, lembra o idoso.
À época,
Jesus estava separado da primeira mulher. Ele conta que saiu da casa
onde morava com ela e com dois filhos. “Tinha filha de dez anos e outro
de oito. Poderia ter feito uma poupança para eles”, lamentou.
A data da
sorte grande ele guarda na memória: 13 de fevereiro de 1983. Nesse dia,
Jesus conta que estava em um bar no Centro de Macapá com nove bilhetes
que não haviam sido vendidos. Para prestar contas com o patrão, ele
resolveu comprar os números da sorte. Em um dos bilhetes estava o
primeiro prêmio da loteria federal.
Caixas de dinheiro
Jesus conta
que para retirar o dinheiro na agência bancária, levou cinco caixas de
leite vazias. O transporte foi feito em um táxi. O vendedor lembra que o
gerente do banco, à época, o incentivou a aplicar a quantia na
poupança, o que o tornaria bilionário em poucos anos. “Queria ser
bilionário não, queria meu dinheiro. Disse que queria falando que iria
comprar três fazendas”, relata.
Ele conta
que depois daquele dia, iniciaram as viagens pelo país. “Primeiro fui
para Belém e depois Fortaleza, Rio de Janeiro, Bahia, um monte de
lugares”, completa.
Perseguição de fã
Quando
perguntado sobre a experiência mais inusitada no período, Jesus nem
pensou duas vezes para falar. O vendedor lembrou do encontro em uma casa
de shows no Rio de Janeiro com a dançarina e ex-chacrete Rita Cadillac.
Para chegar até ela, ele precisou alugar um avião de Salvador, onde
estava, para a capital carioca.
“Conheci
uma famosa artista e cheguei perto dela, a Rita Cadillac. Já tinha ido
para a Bahia atrás dela, e me falaram que ela estava no Rio. Fui atrás e
a conheci na casa de shows Canecão. Via ela desde cedo no Programa do
Chacrinha e sonhava em conhecer”, disse.
No fim das contas
Ao perceber
que o dinheiro estava acabando e a vida de milionário também, Jesus
acabou com as viagens e retornou para Macapá. Mas ele não tinha mais
dinheiro. A casa em que morava com a mulherm, ele também havia perdido
em função do divórcio. O jeito, segundo o vendedor, foi voltar ao
trabalho, o mesmo que mudou a vida dele nos seis meses anteriores.
O vendedor
casou-se quatro anos depois e teve mais filhos. “Se ganhasse hoje não
faria mais isso não, investiria nos três filhos, uma quer ser médica, o
outro enfermeiro e uma está no colégio. Não comprei carro, casa e nem as
três fazendas, mas aproveitei muito”, desabafa Jesus.
De banco em
banco, loja em loja, ele lembra que já deu sorte para várias pessoas
que ganharam dinheiro após comprarem os bilhetes dele. O conselho de
gastar com calma é dado para todos que pedem os números da loteria
federal. “Tem que aproveitar. Hoje dou duro para conseguir colocar o
pirão na mesa da minha família”, finaliza o vendedor.
Fonte: G1
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