Após negociar a confissão de Marcelo Odebrecht, herdeiro da maior empreiteira da América Latina, a delação de Cunha passa a ter peso específico

Cunha recebeu a visita da família na cadeia em Curitiba, no início da semana, e teria se emocionado
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Cunha e os ‘peixes graúdos’
Após negociar a confissão de Odebrecht, a delação de Cunha passa a ter peso específico. Somente interessaria ao Judiciário caso o peemedebista fluminense disponha de provas objetivas contra cúmplices do mais alto escalão. Entre eles, o presidente licenciado da legenda, Michel Temer, e políticos já citados, como o senador José Serra (PSDB-SP). Atual ocupante do ministério das Relações Exteriores, Serra já foi citado por receber mais de R$ 20 milhões em dinheiro sujo.— Muitas pessoas e alguns articulistas dos principais jornais do país andaram falando assim, como se nós tivéssemos uma obrigação de fechar um acordo com Cunha. Eu não vou trocar o Cunha por alguém abaixo dele, eu tenho que trocar por alguém da mesma hierarquia ou acima dele, essa é a lógica do sistema. A menos que ele venha me entregar 200 deputados, 200 deputados menores que ele, daí eu até poderia ter uma multiplicação no sentido quantitativo — disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, a jornalistas. Ele é um dos principais integrantes da força-tarefa.
Acordo fechado
Ao contrário de Cunha, que apela para se ver livre das grades, Odebrecht teria fechado, na véspera, o seu acordo de delação premiada. A defesa do dono da empreiteira teria chegado a um acordo sobre um dos principais pontos da delação premiada. Acertaram que Odebrecht permanecerá preso, em regime fechado, até dezembro de 2017. A pena total deve ser de dez anos, com dois e meio em regime fechado.A delação de Marcelo e dos executivos do grupo atinge todo o sistema político. Inclui Michel Temer, que teria pedido R$ 10 milhões em caixa dois. E Serra, com depósitos de R$ 23 milhões numa conta secreta, na Suíça.
Odebrecht está preso desde junho do ano passado, sob suspeita de envolvimento no esquema de desvios da Petrobras. Esse período de um ano e quatro meses será descontado da pena total, de acordo com pessoas ligadas às negociações, segundo adiantaram seus advogados.
Pena rígida
Em dezembro de 2017, segundo o acordo celebrado, o empresário entraria em progressão de regime, cumprindo pena no semiaberto e aberto, inclusive o domiciliar. No início de outubro, as autoridades da Lava Jato iniciaram as negociações para que ele cumprisse pena de quatro anos em regime fechado.Sua defesa, no entanto, conseguiu negociar a redução da punição, alegando que era muito rígida. Afinal, o empresário denuncia políticos de alto calado e contratos públicos de valores astronômicos.
Fonte: JL/Correio do Brasil
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