Um séquito que representa uma herança politico-conjuntural que planejou a morte de Getúlio Vargas. E que derrubou João Goulart e implantou a ditadura militar
por Miguel Dias Pinheiro, advogado
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Michel Temer, José Serra, Aécio Neves, Eduardo Cunha, Ronaldo Caiado, Jarbas Vascolcelos e tantos outros se formaram, cresceram e progrediram dentro de uma classe dominante. Seja por afinidade de interesses ou por outros motivos. E compuseram ao longo do tempo um séquito que se contrapõe à numerosidade dos brasileiros. A dominação política exercida por esse grupo pode ser perfeitamente identificada agora, pós-impeachment.
Um séquito que representa uma herança politico-conjuntural que planejou a morte de Getúlio Vargas. E que derrubou João Goulart e implantou a ditadura militar.
Antes da eleição de 2014, políticos liderados por paulistas e mineiros já planejavam o impeachment de Dilma. Era uma estratégia traçada para o caso de uma derrota nas urnas. O que acabou ocorrendo, consumando-se um golpe contra a legitimidade das urnas.
Vamos relembrar dois fatos marcantes. Em agosto de 2015, em entrevista a Mário Sérgio Conti na GloboNews, o deputado federal Jarbas Vasconcelos, um elitista nordestino do séquito paulista/mineiro, afirmou sem qualquer cerimônia: “o impeachment é um processo traumático, mas ele será inevitável se ela (Dilma) não renunciar”.
Após Jarbas Vasconcelos, foi a vez do mineiro Aécio Neves no mesmo programa para confirmar o golpe planejado e já consumado: “o impeachment era uma das nossas estratégias”. Veja só! A tomada do poder como estratégia!
Inegavelmente, o Brasil foi vítima de uma grande “roubada”. Um “golpe político” armado de forma descarada. Pela estratégia, Dilma cairia de qualquer jeito. Sobretudo diante da conivência e leniência do Judiciário, fato que mais continua chocando e maculando o sentimento nacional.
A “classe dirigente”, que tem em Temer um de seus mentores, articuladores e promotores, não conseguiria permanecer na oposição assistindo a igualdade social. O povo nas ruas não pediu Temer! A sociedade foi enganada e permitiu que as lideranças paulistas e mineiras empurrassem de “goela abaixo” um acovardamento e uma humilhação.
“A velha elite brasileira jamais abandonará seus hábitos, que é de abominar a igualdade de classe. Somente aceita o povo quando é para ir às urnas ou fantasiá-lo para o Carnaval. Lamentavelmente, não lhes passa pela cabeça que as maiores construções são fruto popular: a mestiçagem racial, a mestiçagem cultural, as tolerâncias racial e religiosa, a expansão territorial, a integração psicossocial, a integridade territorial, a unidade de língua e, finalmente, a opulência e a riqueza do Brasil, que são fruto do trabalho do povo” (citação do historiador José Honório Rodrigues).
Fonte: JL
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