Partido pretende angariar votos entre os mais de 112 milhões de habitantes das favelas brasileiras
Pular
intermediários e eleger diretamente parlamentares negros e moradores
das periferias é o objetivo do partido Frente Favela Brasil, que foi
registrado hoje (30) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido
pretende angariar votos entre os mais de 112 milhões de habitantes das
favelas brasileiras.
P |
“Todos fazem
política para marginalizado, mas não tem nenhum partido de
marginalizado. Queremos falar por nós mesmos”, diz Celso Athayde,
fundador da Central Única das Favelas (Cufa), idealizador do projeto
empresarial Favela Holding e um dos incentivadores do projeto.
Athayde
explica que o novo partido não quer simplesmente substituir ou
desmerecer iniciativas afro ou periféricas em partidos já existentes,
como o DEM, o PSDB, o PMDB e o PCdoB, mas propor algo novo.
Segundo
Athayde, a Frente recebeu diversos convites para se integrar a um
partido já existente, e não criar um novo, mas não aceitou, por entender
que “a questão central agora não é lutar por direitos, o que os
movimentos já fazem, é lutar por poder. Por que poder não pode?”,
indaga.
“Nos espaços
de poder, são as pessoas que já fazem parte da alta burocracia que falam
pelos negros, que falam pela periferia”, diz Wanderson Maia, jovem de
28 anos, um dos presidentes do novo partido. Para Wanderson, chegou o
momento de ocupar diretamente esses espaços. “É nesse lugar que a gente
quer lidar”, afirma.
Também
homossexual, Maia diz que, apesar de ser inegável a preponderância de
problemas relacionados à comunidade negra quando se fala em periferia, o
partido se preocupa em não ser excludente, seja do ponto de vista
étnico-racial, seja do ideológico. “Entre esquerda e direita, preto ou
branco, permanecemos favela, comunidade, permanecemos periferia.”
“Quando a
favela é olhada, é olhada no lugar de pessoas que não são potentes –
estamos olhando com outro olhar, de que somos pessoas extremamente
potentes e criativas”, completa Patrícia Alencar, que também ocupa a
presidência da nova legenda. Patrícia explica que, em cada cargo de
direção, o partido pretende ter sempre um homem e uma mulher.
Criação
A Frente
Favela Brasil foi criada há um ano, em evento na Providência, primeira
favela do Brasil, no Rio de Janeiro, e após um trabalho de formalização
burocrática e construção de bases obteve registro no TSE nesta
quarta-feira.
O partido se
junta agora a mais 56 agremiações que tentam obter 489 mil assinaturas
de apoio, número necessário para que uma nova legenda possa concorrer a
eleições.
A outra
condicionante, existência de diretórios em todos os 26 estados e no
Distrito Federal, já foi alcançado pela Frente Favela Brasil. Segundo
Celso Athayde, não deve ser difícil para o partido conseguir as
assinaturas necessárias para entrar na disputa para o próximo ciclo
eleitoral, que começa em 2018.
"Só de pontos
voluntários para coleta de assinaturas, formados por pessoas que nos
procuraram voluntariamente para abrir suas casas e comércios para isso,
temos 300 mil, em todos os estados", informa Athayde. Nomes referência
na comunidade periférica, como os rappers MV Bill e Happin
Hood, estiveram presentes no ato de registro do partido no TSE, mas não
quiseram comentar a possibilidade de se candidatar a algum cargo nas
próximas eleições.
Fonte: JL/Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário