Principal revés
da candidatura Haddad ocorreu no índice de rejeição, que disparou nos
últimos dias - crescendo de 9 a 11 pontos porcentuais

HADDAD: para setores importantes do PT,
a campanha falhou ao subestimar o potencial de estrago das fake
news. (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)
São Paulo – O desempenho do candidato Fernando Haddad nas mais recentes pesquisas do Ibope e Datafolha e a ameaça de uma derrota no primeiro turno para Jair Bolsonaro
(PSL) acentuaram diferenças internas e levaram o PT a procurar culpados
e buscar correções na reta final da disputa presidencial. O principal
revés da candidatura Haddad ocorreu no índice de rejeição, que disparou
nos últimos dias – crescendo de 9 a 11 pontos porcentuais nas sondagens
dos institutos divulgadas nesta semana.
Segundo relatos, as discordâncias entre o círculo mais próximo de
Haddad e o grupo ligado à direção do PT ficaram evidentes na reunião da
coordenação da campanha realizada na terça-feira, 2, na casa que abriga a
produtora de vídeos da campanha, em São Paulo.
Enquanto um grupo defendia que o candidato imponha mais sua
personalidade e seja “mais Haddad” nesta reta final para amenizar os
efeitos do antipetismo, outro exigia a manutenção do roteiro original
traçado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso
na Operação Lava Jato -, no qual o candidato é o porta-voz do programa
de governo elaborado pelo PT.
Aos poucos, as críticas até aqui veladas ao programa de governo,
considerado “radical” por muitos petistas, começam a ficar públicas. Na
terça-feira, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou, durante evento
de campanha em um bar na Vila Madalena, na zona oeste da capital
paulista, que Haddad deve abandonar a proposta de convocação de uma
Constituinte, prevista no programa.
“Tira do programa. Dá uma tesoura para recortar esse negócio de
Constituinte, que já está sendo explorado pela direita”, disse Teixeira,
sob aplausos.
O diagnóstico de que uma onda de fake news direcionada para ao
eleitorado evangélico de baixa renda é o maior motivo para o aumento da
rejeição ao candidato também é alvo de especulações internas. Para
setores importantes do PT, a campanha falhou ao subestimar o potencial
de estrago das fake news.
A área jurídica também é alvo de críticas por não conseguir derrubar
na Justiça as postagens falsas em tempo compatível com o ritmo da
campanha presidencial.
Até a semana passada integrantes da coordenação da campanha
consideravam as fake news inofensivas e se diziam mais preocupados com a
cobertura da mídia tradicional, segundo eles antipática ao PT. “A
campanha tem respondido prontamente a todas calúnias e notícias falsas, o
que não quer dizer que isso é suficiente”, afirmou o secretário
nacional de Comunicação do PT, Carlos Árabe.
Árabe admite que a estrutura de Bolsonaro nas redes, segundo o
petista montada em 2013, é mais eficiente e bem estruturada do que a do
PT, criada a partir de 2016.
O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, responsável pelo setor
jurídico da campanha, foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.
O desempenho sofrível dos candidatos do PT aos governos de São Paulo,
Luiz Marinho, e do Rio, Marcia Tiburi, também é apontado por dirigentes
e lideranças petistas como um dos motivos para que o ritmo de
crescimento de Haddad nas pesquisas tenha diminuído.
Marinho, com 8% das preferências, segundo o Ibope, tem, por enquanto,
o pior desempenho de um petista da história no maior colégio eleitoral
do País. Marcia, com apenas 5% no Ibope, amarga a sétima colocação no
Estado que tem o terceiro maior eleitorado do País.
Haddad, que teve crescimento meteórico desde que foi oficializado
candidato, no dia 11 de setembro, estacionou em 21% na penúltima
pesquisa Ibope/Estado/TV Globo e oscilou positivamente para 23% na
sondagem divulgada nesta quarta-feira, 3. Petistas ainda temem que
Bolsonaro seja eleito na votação em primeiro turno.
Por Exame, abril.com.br
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