Projeto ainda terá que passar pela Comissão de Constituição e Justiça antes de seguir para o plenário do Senado. Depois, será analisado pela Câmara dos Deputados.
Plenário da Comissão de Assuntos Sociais do Senado durante sessão que
aprovou o cultivo de cannabis para fins medicinais — Foto: Fernanda
Calgaro/G1
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou nesta
quarta-feira (28) um projeto de lei que permite o cultivo da cannabis
sativa para uso pessoal terapêutico, desde que haja prescrição médica. A
cannabis sativa é a planta que dá origem à maconha.
O texto ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) antes de ser votado no plenário do Senado. Em seguida, precisará
ser apreciado na Câmara dos Deputados.
A proposta modifica um trecho da legislação sobre drogas para ressalvar
que deixa de ser crime o semeio, cultivo e colheita de cannabis sativa
para uso pessoal terapêutico.
O texto estabelece que a produção poderá ser realizada por meio de
associações de pacientes ou familiares de pacientes que fazem uso
medicinal da planta. O cultivo deve ser feito em quantidade não mais do
que suficiente ao tratamento, de acordo com o que o médico prescreveu.
Em seu parecer, a relatora, senadora Marta Suplicy (MDB-SP), argumentou
que a eficácia da cannabis sativa na medicina está comprovada. Ela
disse que a planta atua ativamente, por exemplo, na regulação de funções
cognitivas e na resposta ao estresse e à dor.
Hoje, a lei determina que quem produz a cannabis para consumo pessoal
está sujeito à prestação de serviços à comunidade e ao comparecimento a
programa educativo, sem fazer ressalva ao uso médico.
A proposição teve origem em uma ideia legislativa que recebeu o apoio
de mais de 20 mil pessoas no portal e-Cidadania do Senado Federal.
Em maio de 2017, a Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu a cannabis sativa na Lista Completa das Denominações Comuns Brasileiras (DCB) sob a categoria de "planta medicinal".
Discordância
O senador Eduardo Amorim (PSDB-SE) apresentou um voto em separado
discordando do parecer da relatora. Ele ressaltou que não há dúvida de
que a cannabis se trata de uma medicação, mas se posicionou contra a
liberação da produção pelas famílias.
O senador ponderou que o Estado não terá condição de fiscalizar o
plantio e defendeu que o fornecimento da cannabis seja feito pelo
sistema público de saúde brasileiro. Se preciso, com a importação do
produto.
“Minha preocupação é fazer com que as casas se transformem, com a
liberação do plantio, em um laboratório de entorpecentes”, afirmou.
Senadores discordaram e observaram que muitas vezes o Sistema Único de
Saúde (SUS) não consegue fornecer medicamentos e a importação elevará
demais os custos.
“Quantas vezes o SUS não deixou de importar o medicamento e atender pacientes?”, questionou o senador Valdemir Moka (MDB-MS).
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) discursou na mesma linha. “Nós
sabemos da dificuldade do SUS de importar medicamentos”, disse.
Autoria
A proposta teve origem em um mecanismo chamado Ideia Legislativa.
Por meio da ferramenta, qualquer cidadão cadastrado no site do Senado pode oferecer sugestões de projeto.
Caso a proposta seja apoiada por 20 mil pessoas em quatro meses, vira
uma Sugestão Legislativa e é encaminhada para a Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa (CDH).
Os senadores da comissão decidem se a proposta segue adiante ou não.
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