Em sua estreia internacional,
Jair Bolsonaro se esforçou para atrair investidores e parceiros estrangeiros.
Entre as promessas está incluir o Brasil no ranking de 50 melhores países para
os negócios

'Vamos diminuir a carga
tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir,
empreender, investir e gerar empregos', disse Bolsonaro
FABRICE COFFRINI/AFP
No Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o
presidente Jair Bolsonaro fez um discurso focado em atrair investidores e
parceiros estrangeiros. Chegou a prometer que, até o fim do mandato, o Brasil
será um dos 50 melhores países do mundo para se investir em negócios.
Ele também não abriu mão de reforçar algumas de
suas plataformas de campanha, como a defesa da "família" e dos
"direitos humanos verdadeiros", além de fazer ataques à
"esquerda", à "ideologização" e ao
"bolivarianismo".
A BBC News Brasil reúne aqui as quatro principais
promessas feitas por Bolsonaro em sua primeira aparição internacional.
1. Incluir Brasil em ranking de
50 melhores para os negócios
Bolsonaro elencou durante o discurso uma série de
medidas que pretende tomar para alcançar um objetivo ambicioso: incluir, até o
final do mandato, o Brasil no ranking de 50 melhores países para investir.
"Tenham certeza de que, até o final do meu
mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos
colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios",
afirmou.
Os caminhos para alcançar isso, segundo ele, passam
pela mencionou a abertura de mercados, a privatização de empresas e a
desburocratização.

Em sua estreia internacional,
Jair Bolsonaro se esforçou para atrair investidores e parceiros estrangeiros
REUTERS/Arnd Wiegmann
"Vamos diminuir a carga tributária,
simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender,
investir e gerar empregos", disse.
"Trabalharemos pela estabilidade
macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas
públicas."
Após o discurso, ele foi perguntado pelo mediador
sobre as medidas concretas de que pretende lançar mão.
"Diminuir o tamanho do Estado, fazer as
reformas da Previdência e tributária, e investir em educação, que hoje é um
tanto quanto ainda não eficiente", respondeu.
O presidente também repetiu diversas vezes ao longo
da fala que quer tirar a influência "ideológica" das decisões
políticas e econômicas do Brasil.
"Vamos tirar o viés ideológico dos nossos
negócios", afirmou.
Bolsonaro ainda disse que defenderá a
"prioridade privada" e os contratos, além de "resgatar nossos
valores".
"Vamos defender a família e os verdadeiros
direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover
uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução
industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria."

O presidente mencionou os
projetos de reforma da Previdência e as privatizações como formas de garantir estabilidade
econômica ao Brasil
FABRICE COFFRINI/AFP
2. Que a 'esquerda' não prevaleça
Mas, ao mesmo tempo em que falou em abrir o país
para o comércio com "todos" e defendeu que questões
"ideológicas" não interfiririam em decisões do governo, Bolsonaro
afirmou que vai trabalhar para que a esquerda e o "bolivarianismo"
não prevaleçam na América do Sul.
"Estamos preocupados em fazer uma América do
Sul grande e que cada país mantenha a sua hegemonia local. Não queremos uma América
bolivariana como há pouco existia no Brasil, em governos anteriores",
afirmou, citando que vem conversado com os presidentes da Argentina e Paraguai
sobre formas de "aperfeiçoar" o Mercosul.
"Esta forma de interagir com os demais países
da América do Sul vem contagiando esses países. E mais gente de centro e
centro-direita têm se elegido presidente nesses países. Creio que isso seja uma
resposta de que a esquerda não prevalecerá nessa região, o que é muito bom não
só para o Brasil, mas para o mundo."
3. Atuar em 'sintonia com o
mundo' na redução de emissões
Durante a campanha presidencial, Bolsonaro chegou a
defender que o Brasil deixasse o Acordo de Paris, que prevê aos países metas de
redução de gases do efeito estufa. Mas após tomar posse, não voltou a mencionar
essa intenção, e seu ministro do Meio Ambiente afirmou que o país não deve
deixar o tratado.
No discurso em Davos, Bolsonaro defendeu que o
"meio ambiente tem que estar casado com o desenvolvimento" e garantiu
que o Brasil é "o país que mais protege o meio-ambiente".
Por outro lado, disse que está aberto a
"aperfeiçoar" a proteção ambiental e que pretende estar em sintonia
com o mundo na redução de emissões.
Uma eventual retirada do Brasil do Acordo de Paris
é motivo de preocupação de líderes globais, principalmente europeus. O acordo
já sofreu uma baixa importante com a saída dos Estados Unidos por decisão do
presidente Donald Trump.
"O meio ambiente tem que estar casado com
desenvolvimento, nem para um lado nem para o outro. Nós temos o agronegócio,
que é de conhecimento de todos. A parte da agricultura ocupa menos de 9% do
território nacional e a pecuária, 20%. Hoje 30% do Brasil são florestas. Então,
damos exemplo para o mundo", afirmou.
"O que podemos aperfeiçoar faremos. E nós
pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca pela redução de CO2 e na
preservação do meio ambiente."
4. Que turistas possam visitar o
Brasil com 'segurança'
Além de tentar atrair investidores e parceiros
comerciais, Bolsonaro procurou defender o Brasil como destino turístico e
prometeu atuar intensamente na área da segurança para que visitantes tenham
tranquilidade.
"Vamos investir pesado na segurança para que
vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em
belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais
visitados do mundo", afirmou.
"Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias,
nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco
conhecido!"
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