quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Operação do MP prende chefes da milícia que age na Zona Oeste do Rio

Um major da PM foi preso e um ex-capitão da PM está foragido. Quadrilha dominava o território falsificando documentos e pagando propina a agentes públicos, segundo o MP.

Operação do MP prende chefes da milícia que age na Zona Oeste do Rio
Operação do MP prende chefes da milícia que age na Zona Oeste do Rio
Uma operação do Ministério Público do Rio prendeu nesta terça-feira (22) chefes da milícia que há anos age na Zona Oeste da cidade, entre eles, um major da Polícia Militar. Um ex-capitão da PM está foragido. 

Grilagem de terras, compra, venda e aluguel de construções irregulares, receptação de carga roubada, posse e porte ilegal de armas. Essa é só uma parte da lista de crimes de milicianos que aterrorizavam a Zona Oeste do Rio.
A investigação do Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público mostrou que eles agiam nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema. 

Entre os cinco presos, os principais chefes da quadrilha. O major da PM Ronald Alves Pereira que, segundo o MP, comanda a milícia no bairro Muzema; e o subtenente reformado Maurício Silva da Costa, o Maurição, apontado pelos investigadores como chefe dos milicianos de Rio das Pedras. O ex-capitão da PM e ex-integrante do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega é um dos oito foragidos.
A operação fez busca e apreensão nas associações de moradores que serviam como escritórios da quadrilha. Os investigadores encontram um cofre com R$ 50 mil em dinheiro e mais de 200 cheques com valores altos, além de alguns talões assinados em branco. Para os promotores, uma prova do crime de agiotagem. 

As investigações, que duraram seis meses, revelaram que a quadrilha dominava o território falsificando documentos, pagando propina a agentes públicos e usando a força e a violência para intimidar os moradores e demonstrar poder. Segundo o MP, pelo menos dois dos suspeitos que tiveram a prisão decretada nesta terça podem ser peças importantes para esclarecer outro caso: os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. 

Ronald Paulo Alves Pereira e Adriano Magalhães da Nóbrega já tinham prestado depoimento, na condição de testemunhas, no inquérito que apura as mortes de Marielle e Anderson.
A Delegacia de Homicídios ouviu os dois logo depois que as investigações levantaram a suspeita de envolvimento de milicianos na execução da vereadora. Já são dez meses sem respostas para o crime. 

A conduta da equipe de investigadores da DH está sob investigação da Polícia Federal há três meses, desde que o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, disse que agentes da delegacia o pressionaram a assumir a culpa pelo assassinato de Marielle.
Preso numa penitenciária federal de segurança máxima, fora do estado, acusado de vários crimes, Orlando também disse que a morte de Marielle tem a participação de integrantes do chamado “escritório do crime”, um grupo de matadores de aluguel que tem PMs e ex-PMs envolvidos. 

Orlando disse que a Delegacia de Homicídios estaria deixando de investigar esse e outros casos para proteger assassinos.
Segundo o Ministério Público, há indícios de que eles têm ligação com o “escritório do crime”. A Delegacia de Homicídios não participou da operação desta terça. 

“Todos esses presos serão ouvidos na expectativa de que possam colaborar em outras investigações. A gente não descarta, de nenhuma forma, a participação nos crimes da Marielle. Também a gente não pode afirmar nesse momento. Se depois, no futuro próximo ou não, chegarmos à conclusão de que elas têm envolvimento, aí sim será apurado nos autos próprios da investigação da Marielle e do Anderson”, disse a promotora de Justiça Simone Sibílio. 

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que era amigo e trabalhou com a vereadora Marielle Franco, falou sobre a possível relação entre os casos. 

“Pode ser que tenha relação, mas isso não está garantido até agora. Eles foram presos por ações de milicianos e ação de grilagem numa ação feita pelo Ministério Público e não pela Delegacia de Homicídios que investiga o caso Marielle. É importante que se investigue que relação eles têm com milícia e como essa milícia agia. E depois se apure se tem ou não relação com a Marielle. Eles não foram presos pelo caso da Marielle, foram presos por serem milicianos conhecidos no Rio de Janeiro e por uma ação de grilagem”, disse Freixo.

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