Um major da PM foi preso e um ex-capitão da PM está foragido. Quadrilha dominava o território falsificando documentos e pagando propina a agentes públicos, segundo o MP.

Operação do MP prende chefes da milícia que age na Zona Oeste do Rio
Uma operação do Ministério Público do Rio prendeu nesta terça-feira
(22) chefes da milícia que há anos age na Zona Oeste da cidade, entre
eles, um major da Polícia Militar. Um ex-capitão da PM está foragido.
Grilagem de terras, compra, venda e aluguel de construções irregulares,
receptação de carga roubada, posse e porte ilegal de armas. Essa é só
uma parte da lista de crimes de milicianos que aterrorizavam a Zona
Oeste do Rio.
A investigação do Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério
Público mostrou que eles agiam nas comunidades de Rio das Pedras e
Muzema.
Entre os cinco presos, os principais chefes da quadrilha. O major da PM
Ronald Alves Pereira que, segundo o MP, comanda a milícia no bairro
Muzema; e o subtenente reformado Maurício Silva da Costa, o Maurição,
apontado pelos investigadores como chefe dos milicianos de Rio das
Pedras. O ex-capitão da PM e ex-integrante do Bope Adriano Magalhães da
Nóbrega é um dos oito foragidos.
A operação fez busca e apreensão nas associações de moradores que
serviam como escritórios da quadrilha. Os investigadores encontram um
cofre com R$ 50 mil em dinheiro e mais de 200 cheques com valores altos,
além de alguns talões assinados em branco. Para os promotores, uma
prova do crime de agiotagem.
As investigações, que duraram seis meses, revelaram que a quadrilha
dominava o território falsificando documentos, pagando propina a agentes
públicos e usando a força e a violência para intimidar os moradores e
demonstrar poder. Segundo o MP, pelo menos dois dos suspeitos que
tiveram a prisão decretada nesta terça podem ser peças importantes para
esclarecer outro caso: os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do
motorista Anderson Gomes.
Ronald Paulo Alves Pereira e Adriano Magalhães da Nóbrega já tinham
prestado depoimento, na condição de testemunhas, no inquérito que apura
as mortes de Marielle e Anderson.
A Delegacia de Homicídios ouviu os dois logo depois que as
investigações levantaram a suspeita de envolvimento de milicianos na
execução da vereadora. Já são dez meses sem respostas para o crime.
A conduta da equipe de investigadores da DH está sob investigação da
Polícia Federal há três meses, desde que o miliciano Orlando Oliveira de
Araújo, o Orlando Curicica, disse que agentes da delegacia o
pressionaram a assumir a culpa pelo assassinato de Marielle.
Preso numa penitenciária federal de segurança máxima, fora do estado,
acusado de vários crimes, Orlando também disse que a morte de Marielle
tem a participação de integrantes do chamado “escritório do crime”, um
grupo de matadores de aluguel que tem PMs e ex-PMs envolvidos.
Orlando disse que a Delegacia de Homicídios estaria deixando de investigar esse e outros casos para proteger assassinos.
Segundo o Ministério Público, há indícios de que eles têm ligação com o
“escritório do crime”. A Delegacia de Homicídios não participou da
operação desta terça.
“Todos esses presos serão ouvidos na expectativa de que possam
colaborar em outras investigações. A gente não descarta, de nenhuma
forma, a participação nos crimes da Marielle. Também a gente não pode
afirmar nesse momento. Se depois, no futuro próximo ou não, chegarmos à
conclusão de que elas têm envolvimento, aí sim será apurado nos autos
próprios da investigação da Marielle e do Anderson”, disse a promotora
de Justiça Simone Sibílio.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que era amigo e trabalhou
com a vereadora Marielle Franco, falou sobre a possível relação entre os
casos.
“Pode ser que tenha relação, mas isso não está garantido até agora.
Eles foram presos por ações de milicianos e ação de grilagem numa ação
feita pelo Ministério Público e não pela Delegacia de Homicídios que
investiga o caso Marielle. É importante que se investigue que relação
eles têm com milícia e como essa milícia agia. E depois se apure se tem
ou não relação com a Marielle. Eles não foram presos pelo caso da
Marielle, foram presos por serem milicianos conhecidos no Rio de Janeiro
e por uma ação de grilagem”, disse Freixo.
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