Relação do INSS com número de profissionais dessa categoria é incompleto, segundo ministro da Economia, Paulo Guedes. Prefeituras vão ajudar
Em reunião, Guedes disse a prefeitos que municípios devem concentrar recursos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de uma reunião com
representantes da CNM (Confederação Nacional de Municípios), neste
sábado (29), para tratar sobre a liberação de recursos para combatar a
pandemia do coronavírus nos municípios.
A videoconferência foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da CNM, pelo Facebook e Youtube, e se encerrou às 13h15.
Uma das medidas discutidas foi o pagamento do auxílio de R$ 600 para trabalhadores
informais. Segundo Guedes, o cadastro do INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) tem apenas entre 15% e 20% do volume total de
profissionais do país.
"Muitos trabalhadores estão na luta diária para sobreviver, mas nunca
pediram nada para o governo. É hora do Brasil ajudá-los. Os prefeitos
que tiverem o cadastro dos informais que atuam nas suas cidades devem
enviar para o govenro federal para atualizarmos a lista e agilizarmos o
pagamento", disse o ministro.
Guedes disse que a ideia surgiu de uma sugestão do prefeito de Salvador
(BA), ACM Neto, que destacou que tem um cadastro completo desses
profissionais. Os prefeitos se comprometeram a enviar os dados
existentes nos municípios para o governo atualizar o cadastro para
ajudar os informais.
Após ouvir as demandas dos prefeitos que participaram da
videoconferência, Guedes também destacou um impedimento fiscal para
acelerar a ajuda aos municípios e que o problema seria a LRF (Lei de
Responsabilidade Fiscal).
"A LRF é o certo para tempos normais. Gostaria que houvesse uma
cláusula de calamidade pública, que nessa situação de calamidade que
temos hoje, uma ameaça global, isso poderia acontecer em várias
circunstâncias", comentou Guedes.
Para o ministro, nesse período de crise, não faz sentido os municípios
transferirem seus recursos para o governo federal para depois receber de
volta.
"O recurso deve ser usado na ponta para conter a pandemia que todos
estão sofrendo. Eles só não podem fazer isso ainda por força da lei."
Ao ser questionado sobre uma possível suspensão temporária da dívida
previdenciária dos municípios, Guedes ressaltou que o governo precisa de
apoio jurídico e de mudanças na legislação para permitir a medida.
O presidente da CNM, Glademir Aroldi, também pediu para que a equipe
econômica avalie suspender por quatro meses o pagamento do patronal
atual do regime geral e do regime próprio. "Isso seria decisivo e nos
manteria com as portas abertas e as prefeituras funcionando", disse
Aroldi para Guedes.
Aroldi propôs ainda a criação de uma linha de financiamento para pagamento dos precatórios, entre R$ 10 e R$ 15 bilhões.
"Com esse financiamento resolveríamos problema de precatórios e injetaríamos os recursos na economia", defendeu.
Guedes também defendeu o aumento de repasses para os municípios, mas
relatou dificuldades para fazê-lo porque considera que o Brasil "está
cheio de dinheiro carimbado, bloqueado em fundos". Segundo ele, 96% dos
recursos estão nessa situação.
O ministro voltou a destacar a importância da aprovação do pacto
federativo para que cada município possa decidir a destinação dos
recursos.
"O dinheiro tem que estar livre para que o prefeito decida. Não há substituto para o gestor local", declarou.
Prefeitos e ministros concordaram que é preciso votar o Projeto de Lei
2/2020 que altera as diretrizes para a elaboração e a execução da Lei
Orçamentária de 2020.
'Mais de 2 meses de isolamento pode desabar economia'
Questionado sobre o período de isolamento que será estabelecido pelo
governo para conter o coronavírus, Guedes disse que ainda não há um
consenso no governo.
"O Ministério da Saúde prevê isolamento de três meses. Do ponto de
vista econômico, acreditamos que a economia aguente um mês de
isolamento. Se as estradas permanecerem abertas para o transporte da
safra e a comida continuar a chegar para a população, e se a linha
básica de suprimentos e remédio e o delivery continuarem suas operações,
acho que dá para esticar para, talvez, dois meses. Mais do que isso, a
economia pode entrar em colapso."
Guedes reconhece que a decisão é difícil. "É válida a postura dos
governadores de implantar o isolamento, mas a segunda onda do
coronavírus está para chegar e pode ser destruidora. Se ficarmos mais de
dois ou três meses sem produzir, a economia pode desabar e vamos para
um período de desabastecimento e volta da inflação e juros altos.".
Guedes ressaltou que como ministro da Economia, quer a retonada da
produção e atividade econômica o quanto antes, mas como cidadão, sabe a
importância de ficar em casa.
O ministro terminou a reunião dizendo que o Brasil voltará a crescer em
um período de cinco meses, após superar a crise decorrente da pandemia
do novo coronavírus. E estima que será necessário cerca de três meses de
isolamento social no País para atender a área da saúde durante o pico
das contaminações.
"Daqui a cinco meses estamos crescendo de novo. Nós vamos surpreender.
Vamos sair dessa crise antes dos outros países, vamos fazer dinheiro
chegar nas prefeituras", disse Guedes.
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