Conselho
de administração do banco confirmou saída de Alexandre Borges Cabral
após reportagem do 'Estadão' mostrar suspeitas de irregularidades.
Indicado pelo Centrão, o novo presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Borges Cabral,
foi exonerado do cargo pouco mais de 24 horas após tomar posse. Como
mostrou reportagem do Estadão, Cabral é alvo de uma apuração conduzida
pelo Tribunal de Contas da União
(TCU) sobre suspeitas de irregularidades em contratações feitas pela
Casa da Moeda durante sua gestão à frente da estatal, em 2018. O
prejuízo é estimado em R$ 2,2 bilhões.
Na tarde desta
quarta-feira, 3, o conselho de adminsitração do banco destituiu Camargo e
nomeou Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior, atual diretor financeiro e
de crédito, para presidente interino. Ele vai acumular as duas funções.
Na
nota em que confirmou a saída de Cabral, o superintendente responsável
pelas relações com investidores, Sério Brito Clark, afirma que o banco
tomou conhecimento sobre as investigações do TCU do período em que
Cabral esteve à frente da Casa da Moeda pela mídia. "Assim sendo, retira
seu compromisso de transparência e tempestividade de comunicação dos
fatos aos seus acionistas".
A nomeação de Camargo para chefiar o
BNB foi mais uma indicação política do Centrão depois da aliança dos
partidos que formam o bloco com o governo Bolsonaro – a primeira na
equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Procurado pelo Estadão,
Cabral negou qualquer ilegalidade e disse esperar que o TCU reconheça
isso.
Na cerimônia de posse, afirmou que sua indicação é “técnica”
e se deu por causa da sua “experiência exitosa” à frente da Casa da
Moeda. Cabral foi indicado para o cargo pelo PL, de Valdemar Costa Neto,
em troca de apoio do partido ao governo no Congresso.
Auditores
atribuem ao executivo “possível ato de gestão temerária” na presidência
da estatal e o descrevem como um dos “potenciais responsáveis” por
prejuízos em contratos firmados durante sua gestão.
As supostas
irregularidades estão relacionadas à fraude e direcionamento de
licitações para as empresas Sicpa e Ceptis, que resultaram em contratos
destinados à operação do Sistema de Controle de Bebidas (Sicobe) e do
Sistema de Controle e Rastreamento da Produção de Cigarros (Scorpios).
Os valores dos pagamentos, somados, superam R$ 11 bilhões.
Em
novembro do ano passado, quando Cabral já havia deixado o comando da
Casa da Moeda, o TCU decretou a indisponibilidade de bens das empresas
supostamente beneficiadas pelo esquema e fez uma série de recomendações à
estatal. Um recurso apresentado pelos investigados deve ser julgado
hoje pela corte de contas.
O plenário do TCU deve abrir uma tomada
de contas especial - como são chamados os processos em que o tribunal
aprofunda as investigações, quantifica o dano aos cofres públicos e
aponta eventuais responsáveis. Caso considere que houve infração grave, o
responsável pode ser impedido de exercer cargo em comissão ou função de
confiança na administração pública federal, por um período que varia de
cinco a oito anos.
‘Não há ilegalidade’, diz Cabral
Ao
Estadão, Alexandre Cabral negou qualquer ilegalidade e disse esperar
que o TCU reconheça isso. O presidente do BNB que não houve sobrepreço
em um contrato apontado como suspeito por auditores do TCU, uma vez que
os preços fixados teriam seguido a lei. Sobre a contratação de empresa
investigada, afirmou que ainda não houve a declaração de inidoneidade e,
por isso, não faria sentido interromper a execução do serviço que já
vinha sendo feita desde gestões anteriores. Além disso, afirmou que a
exigência de estudos comparativos para firmar parcerias –que teria sido
ignorada de acordo com auditores do TCU – não está prevista na Lei das
Estatais.
“Tenho 34 anos de funcionário de carreira do Banco do
Nordeste construindo minha imagem. Não há sobrepreço, não há
ilegalidade”, disse.
Edição: Tropical Noticias
Fonte: GP1
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