sábado, 24 de outubro de 2020

Quem pagou a internação de um assessor do governador? Diária de R$ 5,4 mil...

Saúde PARA POUCOS

O Hospital Sirio-Libanês em São Paulo exige depósito antecipado de R$ 350 mil para UTI: poucos conseguem acesso à sua mega estrutura, verdadeiro Olimpo hospitalar

Governador Wellington Dias e seu assessor especial Álvaro Luís Carneiro
Governador Wellington Dias e seu assessor especial Álvaro Luís Carneiro

Poucos hospitais na América do Sul oferecem a qualidade e a excelência, em saúde, dos serviços ofertados ao seu público seleto. O Hospital Sírio-Libanês vem se transformando em referência no Cone Sul no que diz respeito a praticamente todas as especialidades médicas de alta complexidade.

Não sem razão o custo de internação em suas dependências é para poucos. Na verdade, esse privilégio (pode-se tranquilamente chamar assim) pertence a um grupo seleto de pessoas. Com o surgimento da pandemia do Coronavírus tomamos conhecimento de que a distância entre ricos e pobres é cada vez maior, sobretudo em estados como o Piauí, que conta atualmente com 49% de sua população vivendo em condições de extrema pobreza.

Poucos, pouquíssimos, conta-se nos dedos, foram aqueles que conseguiram chegar ao espaço consagrado do Olimpo hospitalar brasileiro hoje representado pelo Sírio-Libanês. Especialmente um assessor especial do governador Wellington Dias (PT).


 

 ELE CANTA, EU DANÇO

Mais precisamente aquele que toca para ele cantar, aquele que pega o violão e o acompanha madrugadas adentro em shows privê de qualidade extremamente duvidosa, mas que são euforicamente aplaudidos pelos assistentes cada vez mais sequiosos de tamanho “talento”. Há quem prefira dizer que o assessor em questão toca, o governador canta e a maioria da população dança.

 

Outros, claro, podem ter recorrido aos préstimos fabulosos do Sírio -Libanês, mas é preciso que se diga: sem nenhum estardalhaço. Até porque fica difícil explicar para uma população de 3,150 milhões habitantes o porquê de uns conseguirem chegar a tanto - mesmo que sejam bancados pelo dinheiro público (qual a legalidade disso?!) - e outros nem podem chegar perto e ficam mesmo nas dependências de hospitais públicos em que médicos e enfermeiros, apesar da reconhecida capacidade, são relegados a planos inferiores em vários sentidos.

Um deles é a questão salarial. Ganham pouco em relação aos colegas da rede particular. Menos ainda quando se trata dos seus colegas de outros estados, principalmente de São Paulo, locomotiva brasileira. Outro tópico é que são submetidos a jornadas exaustivas e não podem sequer reclamar - estão impedidos por decisão judicial de fazer greve para reclamar direitos.

Mais ainda: os seus contratantes, no caso, governantes de várias esferas recusam-se em ser atendidos por eles, ou em verem amigos e familiares serem atendidos por eles, quem sabe duvidando de sua capacidade profissional. É lamentável tamanhos despautérios. Mas a verdade precisa ser dita, mesmo que venha a causar incômodo em quem de direito.

QUEM PAGA A CONTA?

A pergunta que não cala nestes casos de deputados e assessores que se deslocam para São Paulo em UTI Aérea - tudo pago pelo contribuinte? -, internam-se em hospital de referência nesta região do Planeta é: quem está pagando a conta por eles? Um empresário disse numa rede social que a internação no Sírio-Libanês pode custar, de imediato, a fábula de R$ 200 mil. Mais R$ 80 mil do transporte aéreo. 

Ele observou o seguinte: se a pessoa não tiver dinheiro guardado, mesmo sempre empresário e elemento de posses, se for apanhado de calça curta, corre sérios. E arremata: só mesmo tendo um bom amigo no poder. Ou seja, é o governo que estaria bancando tamanhas despesas. Quando se diz governo se diz poder público. Não importa a que esfera pertença, se Executivo ou Legislativo. Pode ser até no Judiciário. Despesa pública é despesa pública. Tudo recai sobre os ombros do contribuinte. Tudo recai sobre os ombros de quem paga imposto.

MAS ELE ESTÁ (MUITO) ENGANADO...

Bom, mas o nosso empresário está enganado. Redondamente enganado. Vamos adiante para descobrir a verdade. Nossa reportagem pesquisou a fundo a história das internações em hospitais particulares de grandes centros. Especialmente no Sírio-Libanês, destino dos piauienses que, acometidos pela Covid 19, buscaram amparo médico imediato e especializado, não confiando nem mesmo na saúde do seu estado e dos profissionais que aqui atuam.

SERÁ QUE O VENCIMENTO É COMPATÍVEL?

O assessor especial Álvaro Luís Carneiro, amigo pessoal do governador, que lhe presta assessoria desde os tempos de Sindicato dos Bancários (assim nos foi dito e repassado) foi acolhido na estrutura de Primeiro Mundo do Sírio-Libanês.

O que sabemos sobre Álvaro Luís Carneiro é que ele acompanha Wellington Dias desde que ele se tornou governador do estado, em 2003. Sabemos também que ele atua na Secretaria de Governo e tem um vencimento líquido de R$ 6,224 mil. Sabemos ainda que é jornalista e assessor exclusivo do governador. Atua tanto na área de imprensa quanto de relações institucionais. Tradutor em viagens internacionais. É o sujeito que intermedia as relações do governador com jornalistas, ou pelo menos assim ele se propõe, desde que não ofusque a imagem obtusa dos chamados coordenadores de Comunicação.

Difícil entender como alguém com esse rendimento consegue uma internação em hospital como o já mencionado. Mais difícil ainda entender por que o governador concede tal privilégio a um amigo do peito e irmão camarada enquanto a grande maioria dos piauienses, se tiver esse grave problema de saúde, tem que recorrer a uma rede de saúde que ele próprio - governador e seus seguidores, todos numa só personalidade - rejeita.

POR QUE RETORNOU EM SILÊNCIO?

O governo nos deve outras explicações. O assessor já teve alta? Por que ele voltou silenciosamente? Muito diferente de quando partiu, com muitas manifestações de solidariedade e anúncios nas redes sociais. Tudo feito na surdina para o seu possível retorno. Na verdade, será que ele retornou? 

Orações à parte, trata-se de questionar o uso do dinheiro público. Correto ou não? Espera-se de fato que ele consiga a cura e que possa voltar a atuar profissionalmente com a mesma condição de sempre. Toda vida humana importa. Merece respeito e valorização. Mas não é disso que se trata. Trata-se de saber quem pagou a internação de Álvaro Luís Carneiro na UTI do Hospital Sírio-Libanês.

A revista Veja fez uma matéria completa sobre o hospital mencionado. A diária da UTI custava R$ 2,133 mil. A diária em quarto simples custa R$ 750 mil. Dez dias de internação na UTI custa cerca de R$ 27 mil. Bem, se você ficou animado, precisamos informar que isso foi há 10 anos. A matéria data de 2011. Está na internet. Pode pesquisar no Google “preço de internação no Sírio-Libanês”.

Para saber a verdade, a verdade mesmo, é preciso ligar para o hospital. Falar com funcionários, buscar respostas inúmeras. Nem sempre é fácil. Constatamos. Hoje, a realidade é bem diferente. Atualmente, a diária custa R$ 5.429,00. Mas, se o caso for de UTI, então precisa fazer um depósito de R$ 350 mil, de acordo com a funcionária Andréia, que trabalha no atendimento. Assista o vídeo abaixo:

Se passar do valor, o hospital acrescenta na conta. Se for abaixo, então o dinheiro excedente é devolvido. Mas a diária é essa. E ponto final. Se a pessoa passar apenas um dia, faz um depósito de R$ 350 mil e se sair no dia seguinte, então já desconta R$ 5.429,00 do valor do depósito. Se não tiver, claro, nenhuma outra despesa, que são as seguintes: medicamentos, luvas, agulhas hipodérmicas com dispositivo de segurança, soro fisiológico, entre outras. Tem ainda despesas com médicos, enfermeiros, intensivistas, técnicos, auxiliares... Outros hospitais, públicos e particulares, cobram média de R$ 1.934,00 pela diária. Bem, essa é outra história. Contaremos oportunamente. (Toni Rodrigues)

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