Ex-prefeito morreu em 6 de abril; somente hoje justiça libera depoimentos; o inquérito foi arquivado por ausência de tipicidade

Quase 90 dias após o ocorrido, finalmente a Justiça liberou os depoimentos sobre a morte do ex-prefeito de Teresina, Firmino Filho. A quebra do sigilo foi solicitada pela família do ex-prefeito.
Sua mulher, a deputada Lucy Silveira, entendeu que não havia necessidade para se manter a situação. O juiz da Central de Inquéritos de Teresina, Valdemir Ferreira Santos, determinou a liberação dos depoimentos, ao mesmo tempo em que encaminhou o arquivamento do inquérito.
No seu entender, não existe tipicidade penal para dar continuidade ao procedimento. Firmino Filho foi encontrado morto em frente ao edifício Manhattan River Center, na zona Leste de Teresina, o dia 6 de abril deste ano.
O ex-prefeito caiu do 14º andar, onde funciona o Tribunal de Contas da União (TCU), local que trabalhava como auditor de controle externo do Tribunal. O inquérito, presidido pelo delegado Divanilson Sena, foi mantido sob sigilo durante este período atendendo a pedido da polícia.
Autoridades policiais solicitaram que fossem adotadas algumas medidas cautelares. No inquérito, ficou evidenciado que Firmino Filho não queria que ninguém tomasse conhecimento de seu problema de saúde. Ele estava muito mal da memória por conta da medicação e isso realmente estava afetando seu desempenho. O relato partiu da chefe do TCU, Ana Lúcia Epaminondas, que enfatizou: "Ele não queria que eu falasse isso pra ninguém, que ele estava com problemas. E que isso prejudicava sua memória."
_Confira trechos de depoimentos
Vários foram os depoimentos obtidos pela polícia no curso das investigações. A chefe de Firmino, Ana Lúcia Epaminondas, residente em Brasília/DF.
Ela declarou que Firmino conversou com ela sobre pedido de licença médica. Ele tinha dificuldade de retorno ao trabalho. Não estava conseguindo se concentrar direito e achou que isso podia prejudicar seu desempenho e a instituição.
O ex-prefeito disse que retornou ao trabalho por indicação médica e que isso poderia ajudar a romper sua tristeza excessiva. No entanto, ele não conseguia desempenhar suas tarefas.
Um copeiro do TCU (Tribunal de Contas da União), em Teresina, disse que avistou Firmino por volta das 15h10min na varandinha da salinha de reunião.
O ex-prefeito estava mexendo no celular, como se estivesse lendo algo. O depoente, ao ver a vítima, perguntou "posso entrar? Vou só limpar aqui, é rapidinho", tendo o ex-prefeito sorrido e dito "pode entrar".
Não havia mais ninguém na sala de reuniões. O copeiro disse que não notou nada demais no comportamento de Firmino. Ele estava apenas mexendo no celular. Pouco depois, estava no banheiro quando escutou gritos e foi informado de "o Dr. Firmino caiu."
Lucy Silveira declarou que na manhã do acontecido estava no apartamento do casal quando Firmino chegou. Ele havia dormido na residência antiga do casal. Estava arrumado para ir ao trabalho.
Contou que desde fevereiro ele estava excessivamente triste e que passava muito tempo calado e olhando para o vazio. A parlamentar acredita que a tristeza excessiva se devia ao fato de ter alterado a rotina do ex-prefeito com o fim do mandato, bem como o agravamento da pandemia. Ele se preocupava com a vida das pessoas e estava muito triste.
Sobre o casamento, declarou que estava tudo bem. Não havia nenhum problema na relação de ambos. "(...) a viúva afirmou que tem certeza que a vítima cometeu suicídio, não havendo necessidade de analisar dados do celular e expor conteúdos de conversas privadas entre ela e seu ex-marido, e que não acredita que alguém tenha induzido, instigado ou auxiliado o prefeito a cometer suicídio", relatou o delegado Divanilson Sena, presidente do inquérito.
_Depoimento de Bárbara: Firmino não deixou carta nem mensagem
No bojo da documentação, ele relatou ainda que a filha de Firmino, Barbára Silveira, apresentou declarou à polícia e "relatou que soube da morte do pai na casa de seus pais por intermédio de uma amiga da mãe. Afirmou que não notou qualquer comportamento anormal em seu pai. Declarou que não tinha nada a relatar sobre problemas familiares ou políticos de seu pai. Disse que não tinha conhecimento de que o seu sofrendo alguma ameaça ou pressão de alguém. Afirmou que não sabia de qualquer problema que afligia seu pai. Assegurou que não sabia que o seu pai sofria de depressão. Destacou que não sabe de qualquer possível motivo que poderia levar o seu pai a se matar."
O delegado relatou ainda que o "câmeras de segurança do edifício mostraram que Firmino Filho - no dia 6 de abril - chegou sozinho, saiu no horário do almoço e também retornou sozinho."
Anotou ainda Divanilson Sena: "Consta Laudo de Exame Pericial em Local de Crime, que, após detalhado estudo, não apontou a existência de outra pessoa ou mesmo de um embate físico travado pela vítima, periciando que a causa morte foi realmente suicídio, além de descrever a provável dinâmica do fato e momento que a vítima se arremessa contra o solo."
No laudo cadavérico verifica-se que a morte foi causada por politraumatismo. (Toni Rodrigues, com informações da TV Piauí)
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