Polícia Federal cumpre mandados contra o Consórcio do Nordeste
A
compra de 300 respiradores pelo Consórcio Nordeste no auge da pandemia
da covid-19 em 2020 é alvo mais uma vez de investigação. A Polícia
Federal deflagrou a Operação Cianose, na manhã desta terça-feira (26) e
cumpriu mandados na Bahia, Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
Não
existem informações, até o momento, sobre possível cumprimento de
mandados em Teresina (PI). Mas a sede do Consórcio Nordeste está
registrada na capital piauiense. Segundo apuramos, a empresa Consórcio
Nordeste, que tem a razão social Consórcio Interestadual de
Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, foi fundada em 11 de julho
2019. A empresa está localizada na Avenida Antonio Freire, 450, Edifício
Palácio de Karnak, centro, em Teresina, com CEP nº 64001-040. É o mesmo
endereço do Palácio de Karnak.
Sobre
os mandados cumpridos nesta terça-feira, segundo a PF, o processo de
aquisição que se seguiu contou com diversas irregularidades, como o
pagamento antecipado de seu valor integral sem que houvesse no contrato
qualquer garantia contra eventual inadimplência por parte da contratada.
Ao fim, nenhum respirador foi entregue.
Ao
todo, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. Os investigados
podem responder pelos crimes de estelionato em detrimento de entidade
pública (art. 171, § 3º, do Código Penal), dispensa de licitação sem
observância das formalidades legais (art. 89, caput e parágrafo único da
Lei de Licitações) e lavagem de dinheiro (art. 10, da Lei nº 9.613/98).
O
nome da operação denota a condição médica que afeta o paciente que
passa por problemas relacionados à má oxigenação do sangue, que pode ser
causada, por exemplo, por uma insuficiência respiratória ou uma doença
pulmonar.
No
Rio Grande do Norte, a Assembleia Legislativa realizou uma CPI para
apurar denúncias de irregularidades no processo. O presidente Kelps Lima
(Solidariedade/RN) disse que nunca viu tantos crimes numa única
investigação. “Foi um dos maiores roubos durante a pandemia do novo
coronavírus, não tenho dúvida nenhuma disso”, afirmou o parlamentar. “Há
confissão, delação premiada. Os documentos são estarrecedores.”
De
acordo com o deputado, mais de 50% do valor pago às empresas na
aquisição de respiradores serviu como propina, noticiou a revista Oeste.
“Essa operação deu errado porque foi inteiramente desastrosa, nenhum
respirador foi entregue. Os Estados perderam 100% do dinheiro investido,
R$ 48 milhões.”
No
Piauí, o então governador Wellington Dias (PT), que presidiu o
Consórcio entre 2020/2021, aplicou R$ 4,3 milhões na compra de
respiradores que nunca foram entregues, segundo investigações em
andamento. Ele também teria adquirido respiradores de uma empresa
chamada Tron Informática, sediada em Parnaíba (PI), terra do então
secretário de Saúde, Florentino Neto, pré-candidato a deputado federal.
Os respiradores deveriam ser fabricados, mas nunca se teve notícia de
nenhum deles. É outro escândalo que precisa ser apurado. (Toni
Rodrigues)
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